Ora, pessoas que têm a grandessíssima lata de ver bem:
Gosto muito de praia e tenho a sorte de morar relativamente perto da mesma.
A dada altura da minha vida tive, por força das circunstâncias, de aprender a ir à praia sózinha.
Era isso ou não ir de todo - esta última hipótese não é sequer concebível.
Primeiro estranha-se e depois entranha-se.
Habituei-me de tal forma, que hoje em dia é mesmo assim que gosto de ir - sózinha.
Pois que isto seria tudo muito bonito se não houvesse o ligeiro inconveniente de eu não ver nada sem os óculos.
1 - Gosto de ler na praia.
1.1 - Mas para ler tenho de ter as lunetas.
1.2 - Para ter as lunetas fico com a marca das mesmas.
2 - Guardar os óculos para evitar contacto com a areia.
2.1 - Não há 2.1.
É pôr os ditos numa caixinha sem grão de areia à vista (mas estou sem eles por isso é só uma suposição) e retirá-los da caixinha cobertos de areia.
3 - Ida à água.
3.1 - Levantar da toalha e olhar à volta
3.2 - Marcar pelo menos uma triangulação de chapéus de sol (garantindo que as pessoinhas não estão de partida porque se falta um chapéu estou perdida)
3.3 - Salvaguardando a hipótese de algum chapéu desaparecer, procurar um ponto fixo da praia (p.ex. torre do ISN, bar, ...)
3.4 - Muito a medo tentar seguir em linha recta até à água, sempre a olhar para trás para garantir que continuo a saber onde está a toalha.
3.4.1 - Numa das vezes que se olha para trás, perceber que não se sabe o que é uma linha recta.
3.5 - Regressar e perceber que não se lembra das cores do chapéus, ou que há vários da mesma cor
3.5.1 - Perceber que já não se tem bem a certeza de qual o ponto fixo marcado.
3.5.2 - Agradecer aos santinhos ter uma toalha de côr pouco comum e sentar-se com alivio na mesma.
4 - Ganhar coragem para repetir tudo sempre que quer ir à praia sózinha
Sabeis lá vós o tormento que é para as toupeiras a ida à praia...