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OH POR FAVOR… Não, não leiam em jeito de pedido de atenção/ajuda, mas sim com a entoação de quem já não aguenta o que está a ver/ouvir.


Usei óculos durante 34 anos.

 

Apesar da hipermetropia (oposto da miopia) ter sido diagnosticada antes dos 6 anos, na altura o médico achou por bem que apenas começasse a usar óculos quando entrasse na primária.

 

Numa altura em que não havia grande escolha de armações - até porque não se tratava de um adereço de moda – nem a oferta de tratamento nas lentes que hoje damos como adquiridos, lá iniciei a minha vida com uns verdadeiros fundos de garrafa, pesadíssimos e horrorosos.

 

Poucas eram as crianças que os usavam e obviamente quem usava era gozado até mais não.

 

Hoje chamar-se-ia bullying, na altura servia para enrijecer!

 

Aqui a caixa-de-óculos, quatro-olhos, rodinhas… passou por várias fases nisto da vesguice.

 

Ainda com 7/8 anos tive de fazer uns tratamentos tortuosos, uma espécie de fisioterapia para evitar um possível estrabismo. Em pleno Verão, com um calor de morrer, lá vinha a minha mãe para Lisboa comigo. Esqueçam tudo o que sabem sobre transportes públicos.

 

Aquilo que hoje faço em 45 minutos de transportes era coisa para demorar 1h30 para cada lado. Mas a menina portava-se bem e o prémio de consolação era um gelado na Pastelaria Suiça.

 

Durante a adolescência recusava-me a andar com os ditos na rua.

 

Só os usava na escola dentro da sala e nem era sempre. Curiosamente reduzi drasticamente a graduação nessa altura, mas teve apenas a ver com a mudança de idade.

 

A consulta anual de oftalmologia era sempre difícil, como se aguardasse por uma sentença anunciada.

 

A compra de nova armação um horror… Eu não via o que estava a comprar.

Ou melhor, não via como me ficavam até que viesses prontos, com as novas lentes.

 

Ir á praia, abrir um forno quente, andar á chuva… Raiva, Raiva, Raiva.

 

O medo constante de os perder ou parti-los… (implicava no mínimo 1 semana de espera porque as lentes são encomendadas).

 

Uma vez, num concerto de Xutos no Seixal um anormal que “andava ao biqueiro” caiu em cima de mim e atirou-me os óculos ao chão.

 

Assim que os encontrei e os pus na cara virei Hulk.

 

Levantei o fulaninho do chão, pelo pescoço… E acreditem que era bem maior que eu.

 

A partir daí o receio de espaços com muita gente, sítios escuros que pudessem ter degraus, tudo trazia novos medos.

 

Tentei usar lentes de contacto mas não me adaptei. Eram semi-rigidas, não tinha lágrima suficiente e basicamente era como ter unhas espetadas no’jólhos.

 

Quando aqui no blog faço um post da "Saga de pessoa bonita mas vesga" acreditem... é realmente uma saga.

 

Nas consultas sempre a mesma pergunta: “E não é possível fazer operação”?

 

Sempre a mesma resposta: “Não compensa o risco. Não vais reduzir assim tanto a graduação”

 

Até que chegou o dia 28/09/2017!

(continua)

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33 comentários

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De Maria a 15.11.2017 às 18:20

Não acho que tenha sido coragem, foi mais instinto de sobrevivência. Ha tantos miúdos com situações bem mais problemáticas...
Mas cá estou! Sem óculos

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