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OH POR FAVOR… Não, não leiam em jeito de pedido de atenção/ajuda, mas sim com a entoação de quem já não aguenta o que está a ver/ouvir.
(continuação dos posts inicio e dia D)
Chegadas a casa, enviei mensagem á familia e amigos a dizer que tudo estava bem.
Como a pequena vinha com uma proteção nos olhos, cheios de fita adesiva, nada melhor do que tirar uma foto e colocar a legenda “Mascarilha”!
Ela não via, não me ia bater.
No dia seguinte nova foto, desta feita, a Mãe Maria com uns fantásticos óculos de sol (gentilmente cedidos pela minha T)…
Agora a legenda era “Obrigado, obrigado”.. A minha Amália começava um processo de recuperação fantástico.
Muitos mimos, visitas inesperadas e gotas.
A cada 3 horas, 3 gotas diferentes em cada olho.
A raiva ás gotas já era tanta que a dada altura a Mãe pergunta-me pelos 3 porquinhos e soube logo do que falava.
(3 porquinhos)
Tudo aquilo que não devia ter feito fez.
Dei com ela a apanhar coisas do chão (não se devia baixar):
“eu não baixei a cabeça, fleti os joelhos”
Ao fogão (não podia estar perto de fontes de calor):
“Mãe…”
“Que é? Estou longe do lume” – com uma panela de água a ferver.
Com um frasco de lixivia aberto (nem preciso explicar):
“Usei só um bocadinho”.
A pegar em pesos:
“Não resisti…” Enquanto pegava na bisneta ao colo.
Foi á consulta passados 6 dias e “teve alta”, almoçámos fora e entretanto fui deixá-la a casa porque ia ter com uns amigos.
Como ia estar fora até tarde, voltei atrás para ir buscar um casaco (nem 10 minutos tinham passado) e já estava ela com um alguidar de roupa á cintura…
Cheia de saudades das lides domésticas…
No dia seguinte á operação (6ª feira) queixava-se que via tudo azul e nesse mesmo dia o médico explicou que era um excelente sinal.
O Azul é a 1ª cor que chega até nós.
No domingo, enquanto víamos um episódio dos Simpsons (que ela adora) dizia:
“mexeste na tv? Os desenhos estão tão amarelos…”
Aí percebi o quão necessária tinha sido a operação.
E agora é isto:
A caixa de comprimidos que afinal não é castanha mas sim lilás,
O carro da minha irmã que não é beige mas sim cinzento…
O botão da cafeteira elétrica que é verde e não amarelo…
e toda uma vida colorida que estava esquecida!
(gif tirado da net)
(continuação)
Tudo a postos para avançar com a cirurgia e começa a ansiedade.
Da minha parte uma pilha de nervos e alguns receios, da parte da Mãe Maria uma excitação tipo criança-de-6-anos-que-vai-á-Disneylândia!
Eu e uma das minhas irmãs (a Chucha) combinámos horários, quem levava e quem ia buscar a criança á escola, perdão, a mãe a casa…
Andámos 1 semana a decidir se devíamos ou não fazer Sua Exa. assinar um termo de compromisso em como nos dias seguintes á operação faria tudo o que nós mandássemos (ou não conhecêssemos nós a prenda)...
“Mãe, até indicação em contrário POR PARTE DO MÉDICO, não pegas em pesos, não te baixas, não mexes em detergentes, não vais para o fogão…” (posso vos dizer desde já que fez isto tudo)
“Está bem, está bem! Eu prometo que não faço nada disso” – quase em fúria, porque não é nenhuma criança!
Na antevéspera da dita perguntava-me – no seguimento de um anúncio de jackpot do euromilhões – “se te sair o prémio na 6ª vais-te logo embora?”
“Não mãe, está descansada que eles demoram 2 meses a pagar o prémio”…
Chega então o dia D!
Fui ter ao HPA (Hospital Particular de Almada) ás 17h e a minha irmã estava cá fora á minha espera.
“A mãe??’” – sim, eu sou filha galinha
“Calma, já subiu e está a fazer a dilatação á vista”
Estivemos 1h e pouco na sala de espera, não porque a cirurgia seja complicada mas porque para além do tempo da preparação, a recuperação da anestesia leva o seu tempo. Pareceram-me 6 horas…
A dada altura oiço uma broca… SERÁ QUE ESTAVAM A USAR AQUILO NA MINHA MÃE???????
A Chucha fez malha, gozámos com parte das figurinhas que estavam na sala de espera, debitámos parvoíce em barda da boca para fora. E o tempo não passava.
Vemos o médico. Dr. Victor Ruiz…
Eu ainda não o conhecia, foi sempre a Chucha a acompanhar a nossa velhota.
Fiquei apaixonada!
Correu tudo bem e quando finalmente pudemos ir ter com a pequena, lá estava ela “a curtir a pedrada da anestesia” – rimos a bom rir com as saídas fantásticas da mãe.
Parecia que tinha estado 7 anos sem falar. Falou, falou, falou, falou e … não se lembra de nada.
Estávamos para sair quando vem uma enfermeira (lamentavelmente não sei o nome) e diz á minha mãe: "Minha Princesa, deixe-me dar-lhe um beijinho. A sua mãe portou-se lindamente! É uma querida"
Sabem o ditado "quem os meus filhos beija, minha boca adoça"?... Virei diabética nesse momento
(continua)
Isto da vesguice corre na família e a teimosia também.
Há uns bons anos atrás a minha mãe soube que tinha cataratas.
Não havia grande coisa a fazer e a teoria (ainda praticada por alguns doutores) era de que teria de atingir um ponto de quase cegueira antes de avançar com uma operação.
A dada altura, mudou de médico que lhe propôs de imediato a cirurgia.
A Dª Maria recusou.
Andou anos a aplicar gotas que pouco ou nada fizeram e a pitosguice a aumentar.
O diagnóstico médico-cientifico da pitosguice era frequentemente confirmado pelas esfoladelas nos joelhos.
Com uma névoa constante nos olhos, tornou-se complicado ver o relevo dos passeios, e a nossa calçada é muito bonita mas…
O Dr. insistia a cada consulta e a Dª Maria teimava na mesma medida.
Não queria ser operada. Ainda via muito bem.
(NB – há uma condicionante que estou a omitir mas que justifica a teimosia. Devido a um outro problema na vista, a operação tinha de ser feita com recurso a anestesia geral. Por consequência, tendo em conta a idade da pequena – agora com 86 anos – o médico não arriscava a 2 anestesias consecutivas. Assim, obrigatoriamente, tinha de recauchutar as 2 vistinhas ao mesmo tempo. É óbvio que o medo estava a vencer).
No final do ano passado (e com os joelhos cada vez mais esfolados) a Mãe Maria enche-se de coragem e marca consulta no Dr. por forma a avançar com a maledetta…
Guess what?
O Dr. tinha-se reformado…
A desilusão e o arrependimento bateram á porta. E os joelhos?... oh céus, os joelhos…
E agora encontrar um médico de confiança, que queira avançar?
Demorou alguns meses até que, sem procurarmos, tivemos uma referencia milagrosa.
Um casal nosso conhecido tinha sido operado por um médico, falaram maravilhas e deram-nos o contacto.
Liguei uma 2ª feira, na 4ª a Mãe Maria foi á consulta e tudo ficou planeado no mesmo dia!
(continua)
(magoo tirado da net)
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