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OH POR FAVOR… Não, não leiam em jeito de pedido de atenção/ajuda, mas sim com a entoação de quem já não aguenta o que está a ver/ouvir.
(continuação do isto de ter visto a vida com óculos e do isto de tratar de ver a vida sem óculos)
O meu querido Sr. Agente ia-me buscar á clinica.
Não consegui estar fechada á espera.
Saí da clinica de óculos de sol, apesar do céu negro e da chuva que caia.
E eu estava a ver…
Apercebi-me de imediato que conseguia ler as matrículas dos carros, apesar de ver tudo embaciado.
Eu estava sem óculos a ver.
Julgo eu que devido ao pico de adrenalina, assim que cheguei a casa e me pus confortável adormeci (15h +-) acordei lá para as 17h ou 18h e ao abrir os olhos e olhar para a TV percebo que estou a ler legendas…
Eu estava a ver logo naquele dia…
Sábado de manhã tive a consulta pós operatório. Ao contrário da véspera, estava um sol radioso.
Como o meu Herói ia estar em Setúbal a dar consulta a minha irmã Chucha fez (mais um) favor de me levar.
Ir em direção á Arrábida, com céu azul e um sol descumunal é por si só perfeito.
Eu estava a ver tudo…
De repente percebo que tinha ganho visão periférica… nem sabia que não a tinha…
EU ESTAVA A VER PELOS LADOS!!!
Acho que li todas as placas pelas quais passei, todas as matrículas, todos os cartazes e afins.
Na consulta as noticias não podiam ser melhores.
“Podes fazer tua vida normal, só ainda não conduzas á noite. Hoje já estás com a visão a 80% e chegará pelo menos aos 90%”
Como é que era possível??
Voltei ao trabalho na 5ª feira e foi como fazer anos!
Á parte do choque estampado na cara de quem, tal como eu, só me conhecia de óculos… fui mimada até mais não.
E nem sequer me gozam por ter aumentado a resolução do PC para letras garrafais (gozam, mas discretamente).
Agora:
Estou a aprender a não levar a mão á cara para ajeitar os óculos;
A não esticar a o braço para os apanhar na mesa-de-cabeceira quando acordo;
A debruçar-me numa varanda sem os agarrar;
Descobri a minha cara que nunca a tinha visto (e bom, esta parte não é assim tão positiva);
Consigo me maquilhar e ver aquilo que estou a fazer (o facto de ter 2 mãos esquerdas para me pintar, não ficou resolvido com a cirurgia);
Fui comprar uns óculos de sol e vi como me ficavam…;
E agora… Só quero que o tempo mude para poder andar á chuva e deliciar-me com a água a bater na cara… sem óculos!
(Ps – simulação de chuva já testada pela minha família cigana e ameijoa com um borrifador)
(imagem net)
(continuação do post isto de ter visto a vida com oculos)
Não sabia eu que quando me levantei no dia 28/09/2017 a minha vida ia mudar para sempre.
A minha mãe tinha nesse dia a cirurgia ás cataratas.
Como quem a acompanhou nas consultas foi a minha irmã Chucha, eu ainda não tinha conhecido o médico.
Finda a cirurgia ele vem falar connosco para dizer como tinha corrido e foi ali que conheci o meu Herói.
Enquanto falava connosco, o Dr Victor Ruiz ia olhando para mim e ás tantas diz algo como:
“Tienes una hipermetropía de qué? 6 o 6.5 en ese ojo derecho?
Es uno de los casos en que la cirugía te daría una calidad de vida increíble”
1º fiquei incrédula, depois fiquei apaixonada …
“Como assim cirurgia, mas então é possível?” E sim… era e foi possível.
… e jurei-lhe amor eterno!
Marquei logo consulta, fez os exames que considerou necessários e ele próprio avançou com o pedido de autorização á seguradora.
(sim, não fosse ter seguro e não teria condições financeiras para…)
Achava eu que ainda faltava fazer exames e já a seguradora me estava a contactar.
O meu Herói tomou conta de todo o processo.
Um Médico Cirurgião a tratar de processos administrativos…??? Onde já se viu.
Em menos de 1 mês tive a autorização, faltava a data consoante a disponibilidade do Herói e seus ajudantes.
Liga-me numa 5ª feira ás 16h30 e diz-me: “ Então, pode ser amanhã ás 13h30?”
(gif tirado da net)
Pedi-lhe 10 minutos, fui para a casa de banho do trabalho hiperventilar só um bocadinho e liguei-lhe:
“Vamos lá!”
Enquanto não soube que era possível operar não pensei muito nisso.
Perante esta hipótese fiquei cheia de expectativas e a ansiedade tomou conta de mim. Curiosamente a partir do momento que soube data e hora fiquei estranhamente calma.
E foi assim que entrei na clinica no fantástico dia de chuva torrencial 03/11/2017.
Nunca tinha estado num bloco operatório. E aquilo é gelado que dói. Não se faz!
Preparação feita (soro, gotas anestésicas, touca, “seguradores-de-pálpebras-que-mais-parecem-um-instrumento-de-tortura-medieval”etc.) dá-se inicio á mudança de vida.
Já tinha estado no youtube a ver como se processava a coisa e tinha apenas curiosidade sobre a reação que teria quando visse facas e cutelos a aproximarem-se do olho.
Não os vi. Estamos a olhar para um foco de luz tão intenso que vemos apenas sombras enquanto ouvimos uns sons estranhos.
Basicamente um concerto de Pink Floyd!
E a rapidamente, talvez em 40 minutos, as palavras mágicas…: “Prontinha”
(continua)
Despedi-me de vocês no último post sem saber quanto tempo iria passar até vir aqui novamente.
Na realidade, apesar de me ter obrigado a não pensar nisso, havia um minimozinho de hipótese de que tal não voltasse a acontecer.
Mas aqui estou eu, aos 40 anos, a fazer algo pela primeira vez...
e a partilhar convosco, minhas deliciosas criaturas que me lêem sem a tal ser obrigadas!
Este é o 1º post que escrevo sem óculos!!!
Aliás, á parte de 2 mails e algumas mensagens, esta é das 1ªs vezes em toda a minha vida, que escrevo o que quer que seja sem 2 fundos de garrafa na cara!
Na passada 6ª feira injectaram-me 2 lentezinhas milagrosas no'jólhos e aqui estou eu!
Muito mais leve.
E a vida é bela!
PS- Hei-de partilhar toda a aventura mas para já, e até porque ainda preciso de treinar a visão ao perto, queria apenas dar-vos a boa noticia.
Obrigada por todas as mensagens fofinhas que me deixaram, sem fazerem ideia que ia embarcar na maior loucura da minha vida.
1000 beijos da chiquérrima-e-não-mais-vitima-de-bulling-óculista
(fonte da imagem - a visionária)
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